domingo, 19 de junho de 2011

Aula em 3D e laboratório virtual levam tecnologia para a escola


Programas permitem que aluno manipule virtualmente esqueleto humano.

Maria Angélica Oliveira Do G1, em São Paulo 


Com um clique, o aluno mistura sódio e água no laboratório reproduzido na tela do computador. O experimento resulta numa explosão, virtual, e está dada mais uma lição sobre reações químicas. Com um toque, o professor manipula o sistema solar projetado na tela: muda planetas de posição, aproxima e afasta estrelas e verifica a sombra projetada pelo sol. Depois, com óculos especiais, o estudante faz uma incursão pelo aparelho digestivo humano. Enxerga, com profundidade, estômago e intestinos e ouve explicações sobre o funcionamento desses órgãos.
As experiências são possibilitadas por softwares apresentados na feira Educar 2011, realizada em São Paulo. Os recursos prometem motivar alunos e professores e modificar a forma de aprendizagem na sala de aula.
Programa permite observar esqueleto humano em três dimensões (Foto: Maria Angélica Oliveira/G1)Programa permite observar esqueleto humano em três dimensões (Foto: Maria Angélica Oliveira/G1)

“Um dos objetivos é criar um ambiente atrativo e motivador para professores e alunos. Muitos anos atrás, meu pai teve o mesmo tipo de aula que eu tive, talvez que você tenha tido e que nossos filhos estejam tendo”, afirma Luís Carlos de Carvalho, diretor-executivo da Total Educacional, empresa que está distribuindo no Brasil a “Sala de Aprendizagem Interativa 3D”, um software fabricado na Índia com conteúdos de matemática, física, química e biologia.
O programa tem vídeos, textos, simulações interativas, laboratórios virtuais, testes e links para internet, chamados “objetos de aprendizagem”. O material é em inglês e logo ganhará uma versão em português. Pode ser usado a partir das séries finais do ensino fundamental, no ensino médio, profissionalizante e na educação de jovens e adultos.
“Com um objeto de aprendizagem de três, quatro ou cinco minutos, o professor consegue fazer a explanação de determinado assunto que ele levaria 50 minutos ou duas aulas de 50 minutos para fazer como cálculos de área e de volume”, argumenta Carvalho.
O apelo gerado pela popularização do cinema 3D surte efeito. No primeiro dia de feira, segundo Carvalho, seis escolas fecharam negócio para comprar o software.
“Quando a gente fala com um diretor de uma escola, tem o viés pedagógico que é extremamente interessante: você está levando para sala de aula ferramentas que o professor até então não tinha. Esse é um aspecto. E do ponto de vista de marketing, as escolas precisam atrair novos alunos e reter os alunos atuais.”
Antes mesmo que o 3D virasse “febre” nas produções de Hollywood, já havia quem pensasse em usá-lo na sala de aula. Produzidos no Brasil, os softwares da empresa P3D estão no mercado há cinco anos. São exportados para cerca de 20 países.
Programa permite observar esqueleto humano em três dimensões (Foto: Maria Angélica Oliveira/G1)Izabel Ramos observa programa que reproduz ambiente de um laboratório (Foto: Maria Angélica Oliveira/G1)

“Há cinco anos, isso era novidade. Agora, está virando necessidade”, afirma Jane Vieira, representante da empresa. Os programas usam 3D em “aquário”, ou seja, numa tela, e 3D com estereoscopia, com o uso de óculos especiais. Nos dois, é possível manipular o conteúdo, ou seja, mudar um objeto de posição, girar, afastar, aproximar etc. O programa é vendido para escolas sob forma de uma "licença de uso" que custa em torno de R$ 1,5 mil por mês.
Outro recurso disponível para as escolas é o laboratório virtual, um software que reproduz o ambiente físico de um laboratório real. A animação mostra mesas, equipamentos e substâncias armazenadas. Algumas funções do programa se assemelham a um “game”, permitindo que o aluno escolha uma experiência dentre as que já estão prontas ou crie a sua própria. Também é possível dissecar animais e ver vídeos de experiências reais, como o protozoário que causa a doença de Chagas.
“A gente precisa quebrar um pouco o fato de que computador é pra jogar. Muitas escolas não têm laboratório e, levando o visual, é possível tirar algo do imaginário e passar para o concreto”, opina Izabel Lemos Ramos, coordenadora de tecnologia educacional do colégio Villa-Lobos, em Salvador (BA). Uma das visitantes da feira, ela assistiu a uma apresentação do Laboratório Virtual de Aprendizagem, lançado pela Pearson.
Izabel conta que já utiliza simuladores e ambientes virtuais para o ensino em sala de aula. Segundo ela, muitos softwares livres e materiais de apoio podem ser encontrados no site do Ministério da Educação. “Eu vejo os meninos acharem bacana. Fica mais fácil para associarem o conteúdo”, diz.

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